António Barreto e a crise
Concordo com muito do que António Barreto escreveu aqui. Julgo que ele tem razão quando diz que a crise acabou. Algumas coisas que fui lendo, aqui e ali, deram-me essa intuição, a sensação de que o espírito da coisa estava a mudar. Mas é só uma intuição, não mais. Não sei, porém, se ele tem razão ao dizer que nada ficará como estava. Talvez. Gostava de partilhar desse ponto de vista, mas não sei. Há qualquer coisa de surpreendente nesta capacidade da economia de mercado se regenerar. A ameaça parecia, e parece ainda, terrível, mas a coordenação global conseguiu evitar a catástrofe social.
Há, todavia, muitas perguntas que ficam no ar. A economia de mercado parece ter-se salvo, mas como ficará a distribuição do rendimento? O futuro trará uma maior distribuição da riqueza ou acelerar-se-á a proletarização das classes médias ocidentais? A Europa, e mesmo os EUA, irão ter futuro político num mundo onde a balança do poder económico cai para o Oriente? Como se irá relacionar a comunidade global com a crise ecológica do planeta, num sistema onde a economia de mercado, fundada na avidez do consumidor, sai reforçada? Como evoluirá a leitura de Marx, ele que tinha sido redescoberto, após nova vitória do capitalismo? Como evoluirão os sistemas políticos, nomeadamente a União Europeia?
São muitas questões sobre um futuro que, visto daqui e de agora, parece em aberto.
1 comentário:
Dizer que a crise acabou é mera retórica intelectual por parte de António Barreto. Para quem está a viver o desemprego, o layoff, os despedimentos diários, para quem tem ordenados em atraso, para quem não tem perspectivas, para quem não tem dinheiro para pagar as contas, a crise está aí,vive-se, é bem real. O resto são efabulações...
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