Metamorfoses XLVII
Arnold Schoenberg – Verklaerte Nacht
esqueci nesta noite as palavras de amor
sobram-me vocábulos dispersos
metáforas ditas ao acaso
um céu de mogno sem estrelas
por vezes vejo cruzes desenhadas nas folhas
as árvores ressequidas pelo sol de verão
agora batidas pela estridente nortada
e do mar vêm salpicos de espuma
as ondas quebradas contra a areia
o grito das gaivotas a troar pelas ruas
a inóspita mão acaricia o ar
lança a garra contra o cortina da noite
e desenha palavras enquanto folheia um a um
os livros secos que se desprendem
das árvores sufocadas pelo mar
não encontro na pálida secura das folhas
a palavra aquela que tinha para dizer
se as trevas do dia não tivessem levado
para a pátria do esquecimento
as promessas de amor – todas as que fizera
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