Metamorfoses XXXVII
Sofia Gubaidulina - In Tempus Praesens
o sossego das tardes de verão
a tinta a escorrer pela parede
e as mãos sujas de chumbo
oiço trovejar ao longe
os vidros abanam
anunciam a tempestade
alguém se esconde num telheiro
a tudo isso chamo mundo
e ele desaba no meu olhar
com o silvo de uma palavra
que se despedaça
rasga-se em sílabas
mostra o esqueleto
os ossos polidos
a carne devorada pelas moscas
da água escura vem um presságio
o jardim das camélias incendiado
o barco que se afunda
na volúpia do rio
a ruína da casa onde te ouvia
o sossego das tardes de verão
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