A estratégia de Cavaco
Cavaco Silva continua um político refinado e sabe muito bem as linhas com que se cose. Não dá passos em falso nem tiros para o ar. Podemos não simpatizar com o estilo, e eu não simpatizo, mas há que reconhecer que sabe bem para onde quer ir e como quer ir. Foi eficaz no que disse sobre o negócio da PT e da TVI. Não se perdeu com a data da marcação das eleições. Era público e notório que toda a sua inclinação o levava a marcar as eleições para o mesmo dia das autárquicas. Mas contrariando as pretensões do PSD, o único partido com posição idêntica à sua, marcou-as para 27 de Setembro. O PS não poderia mover-lhe grande guerra caso seguisse as pretensões do PSD, mas nem um pequeno conflito inútil o Presidente quis armar com a data das eleições. O tecido que ele está, desde muito antes de ser eleito, a tecer vai-se compondo. Cavaco sempre ambicionou mandar no país sem ter que aturar os desvarios da máquina do PSD e da vida partidária. Agora começa a brilhar, para ele, uma luz ao fundo do túnel. Se Manuela Ferreira Leite ganhar, e conseguir uma maioria absoluta com o CDS, então Cavaco chegará onde sempre quis chegar, desde que abandonou a governação do país e entregou o PSD a Fernando Nogueira. A aposta é muito alta e pode arrastar consigo, caso a direita não consiga maioria de governo, a não reeleição de Cavaco para a Presidência. Mas Cavaco é um jogador calculista. Veja-se como ele tem, de forma quase amigável, encostado o engenheiro Sócrates às cordas. Quando e se puder, esmaga-o.
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