16/06/09

Exames e tempo de realização

Sei que, devido à minha condição de professor, sou suspeito. De facto, prefiro dar quatro horas seguidas de aulas do que estar duas horas a fazer vigilância de exames. A vigilância é uma tortura para quem a faz. Só o termo é já repugnante. Não é que eu seja contra as vigilâncias de exame, não sou. Mas vigiar está longe, seja qual for a circunstância, de ser uma tarefa nobre. Tem de ser, e este tem de ser diz muito sobre aquilo que a espécie humana em geral é, e aquilo que é, em particular, sob a condição de ser portuguesa.

Mas o que eu acho absolutamente disparatado é o exame de Português ter uma duração de 120 minutos e uma tolerância de mais 30. Uma exame não deveria ter mais de 90 minutos e sem tolerância. As provas deveriam estar construídas de tal forma que fossem realizáveis em 60 a 70 minutos. Mas este alargar do tempo de realização não acontece por acaso. Acontece para esbater a diferença que há entre alunos. Provas cada vez mais fáceis e com cada vez mais tempo para realizar visam apenas prejudicar os melhores alunos e os mais trabalhadores. No fundo, é uma outra forma de Novas Oportunidades. Há qualquer coisa doentia no cérebro de quem pensa e executa a política educativa em Portugal. Sim, só pode ser doença.

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