Os balanços da senhora ministra
A senhora ministra da Educação faz balanço positivo da época de exames e congratula-se com o profissionalismo das partes envolvidas. É comovente tanta atenção e tanta motivação positiva dispensada às partes. Parece que vamos ter resultados bons, o que será já uma consolidação do trabalho vindo do ano passado.
O que eu não percebo é a estratégia tão arrevesada seguida para atingir tão nobres fins. No fundo, fazer novo estatuto da carreira docente, ter que suportar greves e manifestações a roçar a unanimidade albanesa do professorado foi um suplício desnecessário. Bastava a senhora ministra ter orientado politicamente a política de exames como orientou e ter ameaçado os professores com a sua responsabilização pelo facto dos alunos não quererem estudar. Os resultados seriam os que vamos ter, brilhantes, e não haveria tanto cansaço e tanto desgaste político.
Os pais que interessam, aqueles que têm dinheiro e vivem em Lisboa e Porto, há muito que têm os filhos nos colégios privados e não são afectados pelas políticas da senhora ministra. Os outros têm direito ao sucesso nas notas. Contentem-se com isso. Que os filhos tenham um bom ensino não está inscrito na carta dos seus direitos. As boas universidades, as que exigem conhecimento, não são para os filhos deles.
Como professor há uma coisa, porém, que não me deixa de intrigar. Se compararmos os actuais exames com os anteriores, verificamos que os maus resultados que havia não se deviam aos professores, mas às equipas de exames que faziam provas demasiado difíceis para os alunos. Não compreendo como é que essas equipas não foram duramente castigadas e por que motivo se perseguiu e vilipendiou na praça pública toda a classe docente. Afinal, a culpa não era dos professores. Há sempre qualquer coisa na lógica deste Ministério da Educação que me escapa.
1 comentário:
Embora leigo (mas então com filhos como alunos) não deixo de compreender a sua observação. E acho que tem toda a razão...
(A escolha da foto é uma tremenda maldade: como se a senhora apenas conseguisse assumir este ar de tremendo susto, sobretudo para as criancinhas renitentes em não querer a sopa!)
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