Metamorfoses XLVIII
Igor Stravinsky – The Rite of Spring
estes estranhos animais cujo nome se apagou
correm desfigurados pela luz da floresta
trazem mãos de água e deslizam pela sombra
ao tocar no musgo que de verde cobre o chão
tocam tambores na casa dos guardas
anunciam o frémito por dentro do sangue
traçam ondas de cal no interior das grutas
onde dormem homens perdidos no tempo
insectos acordam de um longo sono
e chupam o sangue de vítimas servis
são uma labareda de cinza no horizonte
e cantam ao zumbir das pequenas asas
ergue-se inteira uma paisagem de papel
e nela componho a floresta de seda
homens e animais bebidos pelo esquecimento
a premeditação de um longo homicídio
e tudo se perde na férvida escuridão
um paraíso de tílias a perfeição dos plátanos
talvez as tuas palavras trémulas
se me olhas com a primavera na mão
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