Metamorfoses XXX
o que esperam aqueles que esperam
uma passagem a porta aberta
um raio de luz num canto da rua
estão assim tão perfilados
e no rosto há a ânsia de quem aguarda
a hora que não há-de vir
perderam o ritmo do andar
e na boca as palavras dissolveram-se
sílabas perdidas as vogais esfarrapadas
e duas consoantes esquecidas
brilham no fundo da avenida
à espera que o sinal abra
já não ouvem o ruído dos motores
nem vêem o que por ali passa
esperam especados pelas ruas
no desespero das rosas ao anoitecer
como se vivessem da crua certeza
a noite nunca leva ao amanhecer
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