Metamorfoses XXXVIII
Krzysztof Penderecki – Sextet
dançam ao som da tempestade
e bebem até o corpo se dissolver
levado pelos últimos raios de sol
não pagam a taça erguida à memória
que dos céus revoltosos se desprende
e gritam se lhes arde o corpo iluminado
por algum relâmpago vindo do outro lado
não sabem o preço da servidão
nem do destino a cor que se pega à alma
apenas do corpo escorre um sangue esverdeado
inunda o chão vai por baixo das portas
na rua é um lago onde adormecem os barcos
dançam incrédulos sob a luz da ignorância
e lá fora os deuses trovejam cólera
um imposto de sangue está em dívida
e à luz intermitente que vem dos céus
avançam altivos pés ligeiros faces iradas
incendeiam os campos de trigo
lançam sobre as vinhas o granizo
semeiam epidemias nos rebanhos adormecidos
e dançam os homens no crepúsculo infestado
dançam como se dormissem ao beber
os pés no chão o corpo fremente as mãos pelo ar
dançam ao som dos carros de combate
dançam na luz sobrenatural que cai
dançam na noite que chega vinda do mar
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