Metamorfoses XXVII
fica-se sempre tão indeciso
ao olharmos esta porta
nunca sabemos se é a saída
por onde os vivos deixam a vida
ou entrada por onde chega a morte
não tem letreiro que indique a função
limita-se a estar ali no silêncio dos dias
imprecisa imperiosa inclemente
tão obscura na luz que dela vem
nunca sabemos se o seu abrir e fechar
tem hora aprazada
nem conhecemos a justiça
do calendário que a rege
ouvimos que abriu e fechou
e parecem-nos errantes
as decisões do invisível porteiro
às vezes perguntamos a que pátria
conduz a dissimulada passagem
mas logo um raio sombrio
se escuta ali onde os sinos dobram
para anunciar sabe-se lá que partida
sabe-se lá que negra chegada
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