30/06/09

A coisa começa a manifestar-se

Se o leitor for paciente e demorar algum tempo a olhar as imagens que a televisão transmite sobre o PSD, descobrirá que o mal já se move por lá. Não atente a Manuela Ferreira Leite, passe antes os olhos pela envolvência. Toda a pesporrência socrática, toda a arrogância que tomou conta da governação socialista, aflora agora nas hostes laranja, porventura ainda mais enfatuada. Ainda não é óbvia. É mais a forma como se olha, alguns gestos não controlados, o tom de voz que começa tornar-se imperativo, as certezas que parecem aflorar naqueles cérebros, tudo indicadores do que vem aí, se o PSD formar governo. Ainda não conhecemos o programa eleitoral, mas o estilo está completamente definido. Se a hora chegar, serão exactamente iguais aos socialistas. Não sei como é nos outros países democráticos, mas em Portugal as elites políticas não se sentem nem se pensam como servidoras do povo. O poder é o lugar de uma estranha exibição do ego, o exercício de vaidades incomensuráveis, o palco para a manifestação universal das suas pequenas pessoas. Saberá essa gente que ministro vem do latim ministru, que significa servidor? Saberá essa gente que primeiro-ministro é apenas o primeiro-servidor? Em Portugal, o poder é o lugar onde gente absolutamente indiferenciada pensa que pode tornar-se diferenciada. Em Portugal, com honrosa excepções, o poder é o lugar do parvenu. E o que é um parvenu com poder?

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