
Graças ao
Zé Ricardo cheguei a
esta notícia. Quando era novo, devo ter defendido coisas deste género ou piores. Hoje, porém, estes ajustes de contas com o passado e os mortos cheiram-me mal, por muito
putrefactos que já fossem os mortos ainda em vida. Depois de
Ferrol, terra de nascimento de Francisco Franco, agora é Madrid que retira os títulos honoríficos outorgados ao ditador. Neste acto há poucas coisas ou nenhumas que mereçam louvor. O ditador está morto e não se pode defender. A virtude da coragem está fora desta acção. Mas será uma acção justa? Aparentemente seria, mas nunca será capaz de apagar a mancha de ser uma acção ditada pelo vencedor do momento. Deste ponto de vista, a proposta da Esquerda Unida é idêntica àquela que, nos tempos do franquismo, atribuiu os títulos a Franco. O pior de tudo, porém, é que estas acções são o fruto do ressentimento contra o passado. A Espanha teve uma história e ela foi o que foi. Apagá-la simbolicamente, como nós o fizemos com o dr. Salazar, ainda é uma forma de derrota e de submissão ao espírito do vencedores de então. Se um povo é
autenticamente livre não precisa de apagar o passado, nem de "des"-crever aquilo que a história, para o bem e para o mal, escreveu. De certa forma, este acto é uma pequena vitória do velho ditador, que se tornou agora "vítima" dos re-escritores da história. O ressentimento nunca é um bom conselheiro.
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