A data das eleições
Quando não há problemas, nós temos a capacidade de os inventar só para nos entretermos neste tempo estival. Sobre a questão da coincidência ou não das eleições legislativas e autárquicas, os dois argumentos opostos parecem-me risíveis. Defender a mesma data para ambas as eleições com uma justificação económica não é um argumento civicamente nobre. Pode dizer-se sempre que a democracia é mais importante do que esse gasto adicional. Mas defender que a data deve ser diferente pois estamos perante eleições diferentes e campanhas eleitorais diferentes é um argumento que pressupões várias coisas. Em primeiro lugar, pressupõe que as magníficas ideias que pululam nas campanhas eleitorais nos interessam e que a generalidade do povo português presta alguma atenção aos devaneios que os partidos políticos apresentam na ânsia de chegar ao poder. Em segundo lugar, mesmo que todos nós estivéssemos interessados nas extraordinárias ideias que habitam aquelas cabeças, isso não teria de significar que não conseguíssemos destrinçar claramente entre uma eleição onde os portugueses vão escolher um governo e aquela onde vão escolher autarcas. Nós sabemos muito bem quem são uns e outros. Sabemos os poderes que ambos têm e não nos falta capacidade para, caso estejamos interessados, sintonizar o nosso cérebro ora na campanha para as legislativas, ora nos debates locais. Apesar de tudo, não somos assim tão estúpidos.
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