24/06/09

Metamorfoses XLIII

Philip Glass – Metamorphosis

no limiar da sombra há um animal
touro feroz sobre a planície cresce
quando se cavalga pela terra manchega
e o sol oferece a calma da exaustão

um milhafre cruza os céus de fogo
e um frémito varre toda a terra nua
não há cavalo nem cavaleiro que a dobre
apenas a sombra do touro a apazigua

as poucas árvores por deus ali abandonadas
são símbolos de água a voz do paraíso
dia após dia o transportamos aos ombros
como se fosse não prémio mas castigo

e na indiferença desta tarde infernal
onde tudo suspendeu o movimento
descubro no lugar do bem o sopro do mal
e na mudança o princípio do esquecimento

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