25/05/08

René Char - O Junco Engenhoso

Escuto a chuva mesmo se não é chuva
Mas a noite;
Gozo a aurora se não é a aurora
Mas a brancura da minha polpa perto da corola.
A boca de uma criança magoa-me com os seus dentes.
Amor das águas silenciosas!

No espinheiro o rouxinol,
Em mim o jogo do fascínio.

1 comentário:

maria correia disse...

...existe um exemplo simbólico (algo zen) sobre a dicotomia Oriente/Ocidente: o Oriente é como o junco, dobra-se ao sabor do vento, inclinando-se ao sabor dos tempos e tudo por ele passa, sem o quebrar. O Ocidente é mais árvore, tronco robusto, a direito, não dobra, não se verga e morre de pé, segundo a expressão «as árvores morrem de pé». Há algo de muito belo, nos dois conceitos...