Uma folha cansada
São focas em combate as nuvens que vejo pelos céus, correm, voam, estilhaçam-se sob o império do vento. Pássaros inquietos voam na largura do horizonte, procuram os telhados onde fizeram ninho, aves citadinas habituadas ao rumor dos carros e ao fumo do escape. Temem o silêncio dos campos, o pó da terra, o excesso de erva pelo chão. Focas e pássaros lutam, agora, pelo domínio dos ares, enquanto o sol declina e as gentes se perdem nas ruas a caminho da tristeza da noite. Num pequeno quintal, a cerejeira estende os ramos, dedos abertos ao que neles poisam. De súbito, há um pequeno tremor. Um pássaro que poisa? Uma cereja que cai? Não, é apenas uma folha cansada que no chão adormece.
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