O tempo que desaba
Oiço bater ao longe um relógio. De quem será? A vida vai e vem ao som do momento que passa. Agora é um piano que fala como uma sombra vinda da noite, e repete uma e outra e outra vez os eternos exercícios de quem ainda não sabe da derrota; o tempo a trará. Tapo os ouvidos e fecho os olhos. O mundo desaba em mim, é um rio de águas turvas que caminha impetuoso para o mar. Restos de troncos bóiam e os peixes, se os há, escondem-se no torvelinho da música que assim ganha vida e parece uma corrente que na tarde desagua. Se dormito, oiço ainda a voz do tempo que corre ao ritmo do movimento que do piano cai.
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