O sentimento de insegurança
Um rapaz levou um tiro no Bairro Alto, em Lisboa, e morreu esta manhã. O Bairro Alto tornou-se num sítio impróprio, mas não é isso que me interessa. O que me interessa é o sentimento de insegurança que está a minar a vida democrática. Eu sei que as estatísticas estão sempre a melhorar. É como na Educação. Mas seria curial que quem governa, em vez de olhar apenas para as estatísticas, escutasse com alguma atenção a voz do povo que rumoreja por aí. Basta ler os comentários que são feitos às notícias. Veja-se, por exemplo, na Lusa e no Público. Anda-se a brincar com o fogo. Estes comentários são sempre um banho frio na água quente da opinião popular.
1 comentário:
JCM,
Diz, e muito bem, que "seria curial que quem governa (...) escutasse com alguma atenção a voz do povo".
O problema é que o poder político e, em especial, quem nos governa há já muito que se divorciou do povo. O povinho só interessa nas campanhas eleitorais ou nas acções de propaganda. Dá muio jeito uma multidão agitando bandeiras e batendo palmas. Nem tão-pouco podem faltar criancinhas para beijar e pobrezinhos para abraçar. Afinal, a democracia tem o péssimo inconveniente de depender da vontade popular para a constituição dos governos. (Que maçada!)
Nas campanhas eleitorais, os políticos lá fazem o sumo sacrifício de descer do seu pedestal. É vê-los, coitados, com jesuítico espírito de sacrifício, descendo ao miserável e incómodo mundo das pessoas comuns. E, imbuídos do seu espírito de missão, tudo fazem e todos ouvem nesta imparável cruzada para a conquista da tão cobiçada cruzinha - a luta pela cruz é a cruz do político! Mas, conquistado o poder, os mártires da política de novo ascendem aos céus, voltando para a sua doirada nuvem, lá longe onde não existe consciência nem sentido do dever e onde não chega a insuportável, ingrata e ignara voz de quem ousa questionar, exigir e pensar.
Consciência do dever? "A consciência é uma chata cheia de exigências" e um político tem mais que fazer...
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