A sabedoria
Na fresta cinzenta, abre-se agora uma clareira e é nessa luz precária que vejo, por instantes, as faces dos que pela rua vão. Espectros, fantasmas, impotentes, caminham os homens em direcção ao Gólgota, mas não é a dor que afivelam no rosto, nem a suspeita do destino que lhes cabe. Vão ali apenas porque terão de ir ali e a face ressuma a ignorância que lhes permite dar mais um passo, sem que a angústia do que são lhes tome conta da alma e os faça vergar de terror. Não sabem que, mesmo no mais puro e luminoso dia, são filhos da noite. Não dessas noites onde brilham os astros, mas daquelas em que nem a estrela polar surge no horizonte. Caminham no não saber e essa é toda a sabedoria e a única felicidade.
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