27/05/07

A via latino-americana

Há uma certa esquerda que deposita uma cega fé na América Latina, e que veio, por exemplo, verberar as intervenções de Bento XVI, no Brasil. Mas Chávez, o presidente da Venezuela, está a mostrar o que entende por democracia. Um canal privado passou ou vai passar para o domínio público. Por acaso, o canal não simpatiza com a via socialista do presidente. Azar. Bento XVI merece ser ouvido em toda a sua amplitude, nas críticas ao liberalismo, mas também nas que faz à ilusão marxista. Aliás, Ratzinger é das poucas personagens europeias que merece toda a atenção, gostemos ou não dele.

1 comentário:

Romão Ramos disse...

Caro Jorge Maia,

Confesso que desde a publicação do segundo artigo sobre a blogesfera local, no Jornal Torrejano, no qual tive conhecimento do seu blog, tenho acedido com alguma frequência ao A ver o Mundo.

Já por diversas vezes estive tentado a fazer comentários!
Afinal os blogs são “públicos” e como possibilitam comentários, é sempre uma tentação acrescentar, discordar ou concordar, com os posts publicados.

O post “A via latino-americana” levou-me então a quebrar a barreira e a iniciar um diálogo, espero!

Como sabe, frequentou durante muitos anos o estabelecimento dos meus pais, militou ou esteve próximo de partidos políticos de pessoas que conheço, chegou a ser meu professor de filosofia.

Entre conversas, ás vezes lá vinha o nome Jorge Maia, em flashs, em conversas mais temáticas, na discussão de convites a pessoas para as listas de qualquer eleição autárquica.

Mais tarde acabei por perceber a sua “evolução” politica!

Contudo acabei por ficar indignado com o post, da forma como caiu na normal tentação de manusear os acontecimentos, de os misturar, relacionar os factos e fazer uma conclusão conjunta.

Caro Jorge Maia,
Sou um daqueles que continua a dar crédito a Hugo Chaves, tenho muitas reticências sobre algumas politicas que tem levado a cabo, e estou em crer que é essa a apreciação da esquerda portuguesa (e falo pelo Bloco de Esquerda), contudo, eu, continuo a acreditar no seu projecto de uma forma global.

“Uma cega fé”, tal como escreve, quando associado a “uma certa esquerda” faz-me lembrar sim, alguém com contas a ajustar consigo próprio, com o seu passado, alguém que baixou os braços e foi levado na onda, ou que andou muito tempo enganado, com necessidade de passar um rótulo de radicalista a uma esquerda, na qual coabitou durante anos, em tempos, em que se acreditava em faróis e que andava aí muita malta não cega, mas encadeada por eles.

Estranho ainda, que faça uma apreciação tão vaga e tão soft sobre o canal de televisão que ficou sem licença de emissão. Certamente que não está esquecido do papel que essa estação televisiva desempenhou, por exemplo, nos dois golpes de estados contra Hugo Chavez. Por certo que saberá quem financiava essa estação de televisão, e com que objectivos.

Na sacola de outros tempos, cabia qualquer coisa tipo (R) de Reconstruído, - (traço) ML seja lá o que quer isso queria dizer, reforma agrária, ditadura do proletariado, povo em armas, nacionalizações, greves, sindicatos…. agora na pastinha de pele o vocabulário é outro, mais fino, mais instruído, poético, católico por vezes, as canetas dessa pasta até conseguem escrever vinte e quatro poemas sobre algo que está no marasmo e no esquecimento sem tecer nenhuma critica aos que o fomentam. Os botins de outrora transformaram-se em sapatinhos de lã.

Será possível?

Há pessoal que faz todos os papéis! Há uns que de boina Guevarista, no interior da Venezuela, beijam os pés de qualquer Nossa Senhora. Outros que acreditam que “Ratzinger, é das poucas personagens europeias que merece toda a atenção”!!!