22/05/07

Cardílio XXIV

Nestas pedras tão rasas, o meu corpo
A tua carne deseja e, na brancura
De teus dedos, o rosto se suspende
Do voo mudo dos séculos. Efémero

Tijolo sob as ancas te sustenta,
Te rouba à gravidade e te suspende,
Na passagem de minhas mãos em alva
Face já pelo Outono cariada.

Na cicatriz dos gestos, na passagem
Oculta dessas mãos, abre-se o mundo
À névoa branca e fétida das pétalas

Em decomposição. Caminharemos
Pelas ruínas dos dias e abraçados
Deixaremos os campos, rios e as águas.

1 comentário:

jlf disse...

Gostei.
Bravo.
Todo ele. E então o remate... ("Caminharemos pelas ruínas dos dias e abraçados deixaremos os campos, rios e as águas")