Política francesa – 2
Também hoje, no suplemento P2 do Público, há um artigo de análise de política internacional sobre o fenómeno Sarkozy. O autor é Jorge Almeida Fernandes, um dos mais informados e competentes analistas internacionais da nossa imprensa. Mostra uma coisa que já tinha emergido durante a campanha: Sarkozy é muito diferente daquilo que os seus adversários políticos quiseram fazer parecer e que, em Portugal, foi repetido a torto e a direito. A questão não está sequer em Sarkozy ter convidado Rachida Dati, imigrante magrebina de 2.ª geração, para ministra da Justiça nem, tão pouco, em ter escolhido um homem de esquerda, Bernard Kouchner, para os Negócios Estrangeiros.
O importante é a conciliação do atlantismo – não me parece possível conceber a defesa da Europa fora desse atlantismo – e o reconhecimento da necessidade de não destruir “welfare state”. Esta é a verdadeira tradição europeia, a qual parece ter, neste momento, apenas a direita a defendê-la. Veja-se não apenas Sarkozy, mas também a senhora Merkel, na Alemanha. Quem quiser ver em Sarkozy um ultraliberal e um discípulo dos «neocons» americanos vai ficar desiludido. Quem o quiser compreender como um impenitente racista ou um homem perto das posições de Le Pen, também não conseguirá explicar as suas primeiras escolhas do pessoal governamental. O que Sarkozy fez, e a esquerda francesa não quis fazer, foi enfrentar os problemas que a imigração coloca, fundamentalmente a imigração de origem cultural diferente da dos franceses. O tempo dirá se Sarkozy conseguirá salvaguardar a identidade francesa e aquilo que ela representa, fundamentalmente na área dos direitos do Homem, neles incluindo os direitos sociais, e da cultura política democrática. Veremos se com Sarkozy, aliás como com Merkel, o Estado-nação recupera do estado comatoso a que chegou fruto de políticas excessivamente liberais, nomeadamente ao nível social.
O importante é a conciliação do atlantismo – não me parece possível conceber a defesa da Europa fora desse atlantismo – e o reconhecimento da necessidade de não destruir “welfare state”. Esta é a verdadeira tradição europeia, a qual parece ter, neste momento, apenas a direita a defendê-la. Veja-se não apenas Sarkozy, mas também a senhora Merkel, na Alemanha. Quem quiser ver em Sarkozy um ultraliberal e um discípulo dos «neocons» americanos vai ficar desiludido. Quem o quiser compreender como um impenitente racista ou um homem perto das posições de Le Pen, também não conseguirá explicar as suas primeiras escolhas do pessoal governamental. O que Sarkozy fez, e a esquerda francesa não quis fazer, foi enfrentar os problemas que a imigração coloca, fundamentalmente a imigração de origem cultural diferente da dos franceses. O tempo dirá se Sarkozy conseguirá salvaguardar a identidade francesa e aquilo que ela representa, fundamentalmente na área dos direitos do Homem, neles incluindo os direitos sociais, e da cultura política democrática. Veremos se com Sarkozy, aliás como com Merkel, o Estado-nação recupera do estado comatoso a que chegou fruto de políticas excessivamente liberais, nomeadamente ao nível social.
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