07/05/07

Cardílio - XIV

Sinto o vento no rosto e na mão trago
Um trevo iluminado pelo sangue
Que do teu sexo pálido assim cai,
Como um cão que cantasse pela névoa

Do olival. Que odor férvido é o teu?
O perfume do azeite, o verde mênstruo
Que em meu olhar se prende, flor de pétalas
Sôfregas ou roseira amarga e lúgubre.

Penumbra em que repousas a cabeça,
Véu de branda loucura, lua deserta
Onde prendo o fantasma que há em mim;

Na ruína dos teus passos, eu te sigo,
Cansado de sonhar deuses, esferas,
Sombras de vento ou cálices de pólen.

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