Versículos bíblicos - 2
(Delacroix, Liberdade guiando o Povo)
“Seis dias farás teus negócios, mas ao sétimo dia descansarás: para que descanse teu boi e teu asno; e o filho da tua serva, e o estrangeiro tome refrigério” (Exôdo, 23, 12). Este versículo 12 do capítulo 23 do segundo livro do pentateuco é uma curiosa e arcaica formulação de respeito pela natureza, animal e humana. A curiosidade reside na justificação dada para o descanso do sétimo dia. A necessidade de toda a natureza repousar. Se olharmos atentamente para a construção do discurso bíblico, descobrimos uma resposta para a seguinte pergunta: para que serve a toda aquela narrativa sobre a criação do mundo em seis dias e o descanso de Deus no sétimo? Serve, entre outras coisas, para legitimar o descanso dos homens. Se Deus descansou ao sétimo dia, então ao homem compete fazer o mesmo.
Isto mostra que o problema do tempo de trabalho deveria ser já, naqueles tempos, objecto de apaixonadas e discordantes posições. Haveria, certamente, os “economistas” de serviço a recomendar que não se desperdiçasse tempo fora do labor. O Êxodo mostra-se, assim, um texto emancipatório e libertador, contrariamente ao que muitos gostam, por preguiça ou preconceito, de pensar. Advoga, contrariamente ao espírito burguês, um direito, de carácter divino, a nada fazer. Aliás, este livro bíblico começa com uma das primeiras grandes gestas emancipatórias da humanidade, a libertação do povo de Deus da escravatura no Egipto. No versículo 9 deste mesmo capítulo, está escrito: “Também não oprimirás o estrangeiro; pois vós conheceis a alma do estrangeiro, que fostes estrangeiro na terra do Egipto.” Encontramos a mesma ideia no versículo 21 do capítulo 22.
A doutrina social da Igreja Católica não é um acrescento estranho aos textos do antigo e do novo testamento, é, pelo contrário, a sua emanação, uma combinação de emancipação das opressões terrestres e uma libertação das ilusões do espírito.
Isto mostra que o problema do tempo de trabalho deveria ser já, naqueles tempos, objecto de apaixonadas e discordantes posições. Haveria, certamente, os “economistas” de serviço a recomendar que não se desperdiçasse tempo fora do labor. O Êxodo mostra-se, assim, um texto emancipatório e libertador, contrariamente ao que muitos gostam, por preguiça ou preconceito, de pensar. Advoga, contrariamente ao espírito burguês, um direito, de carácter divino, a nada fazer. Aliás, este livro bíblico começa com uma das primeiras grandes gestas emancipatórias da humanidade, a libertação do povo de Deus da escravatura no Egipto. No versículo 9 deste mesmo capítulo, está escrito: “Também não oprimirás o estrangeiro; pois vós conheceis a alma do estrangeiro, que fostes estrangeiro na terra do Egipto.” Encontramos a mesma ideia no versículo 21 do capítulo 22.
A doutrina social da Igreja Católica não é um acrescento estranho aos textos do antigo e do novo testamento, é, pelo contrário, a sua emanação, uma combinação de emancipação das opressões terrestres e uma libertação das ilusões do espírito.
Nota final: observe-se bem o quadro de Delacroix e leia-se a descrição da fuga do povo de Israel do Egipto, quando as águas se abriram.
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