02/05/07

Cardílio - X

Existem sons nas pedras, ervas, águas,
Verdes prados cerzidos na memória.
Nas folhas da figueira, corre a seiva
Fugaz, o hálito puro da fria boca.

P’la rua, se caminhavas, desprendia-se
Da luz um raio de âmbar e dos gestos,
Que de ti se afastavam, a distância
Árida como o lume e a primavera.

Nas sílabas abertas em teu rosto,
Vincado pelos dias de branca névoa,
Ouve-se ainda altivo e luminoso

O sonoro descanso de tua voz,
Coberta no mar frágil da memória:
Lácio, língua, silêncio e branca ardósia.

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