09/05/07

A quem não tem nada...

Quero dizer-vos uma coisa, quando as assistentes sociais vos oferecem seja o que for, que não vos faça ter um chilique, a título gracioso, o que para elas é uma obsessão, convém ceder, senão perseguir-vos-ão até ao fim do mundo, de vomitivo na mão. Os membros do Exército de Salvação não são melhores. Não, contra o gesto caritativo não existe resposta, segundo julgo saber. Inclina-se a cabeça, estendem-se as mãos trémulas e enredadas e diz-se obrigado, obrigado minha senhora, obrigado minha cara senhora. A quem não tem nada é proibido não amar a merda. [Samuel Beckett, Molloy. Trad. Dóris Graça Dias. Relógio d’Água]

Sem comentários: