04/05/07

Cardílio - XII

Que nome ao rio lhe davas, esse rio
Que vejo pobre e solto entre nuas margens?
Quando o Sol inclemente te cansava,
As suas funestas águas te acolhiam.

Suspenso pelas margens frias do Outono,
De amargo fel rasgadas, tão parado
Na lânguida quietude dessa tarde,
Entregavas da língua o prostrado

Murmúrio, velho canto para sempre
Na treva soterrado. Navegante
Não és, nem tens do rio o saber sagrado:

Os deuses, os teus deuses embarcaram,
Rumaram para longe, para um céu
De vidro transparente na verde água.

Sem comentários: