Música para o fim-de-semana: Philip Glass
Para o resto do fim-de-semana uma ópera em três actos. Dois acontecimentos convergiram para esta proposta. Por um lado, os meus alunos de Filosofia estão a fazer um trabalho sobre desobediência civil e a sua conexão com os direitos humanos. Por outro, consegui adquirir, depois de uma longa procura, a obra em causa.
A obra é a ópera emblemática de Philip Glass, Satyagraha. Este termo designa a filosofia não-violenta de Mohandas Gandhi.
É um facto que a desobediência civil está ligada, originariamente, ao pensador norte-americano Henry-David Thoreau e ao seu Civil disobedience. No entanto, Gandhi é um dos grandes desobedientes civis e foi através dessa desobediência, que tomou corpo a resistência não-violenta que ele conduziu na Índia e a levou à independência. Mas já em John Locke, século XVII, se encontra uma aproximação à desobediência civil, nomeadamente na Carta sobre a Tolerância.
Também é um facto que nenhum dos três actos da ópera de Glass é dedicado a Gandhi. O 1.º acto é denominado Tolstoy, o escritor russo de Guerra e Paz, o 2.º a Tagore, um dos principais escritores indianos e prémio nobel da literatura, o 3.º a Martin Luther King, a voz mais poderosa da resistência não-violenta nos EUA e figura cimeira na luta pelos direitos da minoria negra. Por detrás destas figuras, está o conceito de Satyagraha, que pode ser lido à letra como procura da verdade e, numa leitura demasiado ousada, como amor à sabedoria, isto é, como filosofia.
É a partir deste conceito que Glass compõe uma das obras essenciais do minimalismo. O carácter repetitivo, mas em contínua mutação, produz um efeito hipnótico que deixa o ouvinte absolutamente preso ao fluir da música. Há, na música de Glass, um perigoso jogo que nos aliena da temporalidade e nos concentra no puro fluir do som, como se esse fluir não fosse um fluxo temporal. Aqui ficamos perplexos: Satyagraha é uma anunciação da não-temporalidade e da anacronia, ou apenas a máscara ilusória e alienante do tempo que passa?
A obra é a ópera emblemática de Philip Glass, Satyagraha. Este termo designa a filosofia não-violenta de Mohandas Gandhi.
É um facto que a desobediência civil está ligada, originariamente, ao pensador norte-americano Henry-David Thoreau e ao seu Civil disobedience. No entanto, Gandhi é um dos grandes desobedientes civis e foi através dessa desobediência, que tomou corpo a resistência não-violenta que ele conduziu na Índia e a levou à independência. Mas já em John Locke, século XVII, se encontra uma aproximação à desobediência civil, nomeadamente na Carta sobre a Tolerância.
Também é um facto que nenhum dos três actos da ópera de Glass é dedicado a Gandhi. O 1.º acto é denominado Tolstoy, o escritor russo de Guerra e Paz, o 2.º a Tagore, um dos principais escritores indianos e prémio nobel da literatura, o 3.º a Martin Luther King, a voz mais poderosa da resistência não-violenta nos EUA e figura cimeira na luta pelos direitos da minoria negra. Por detrás destas figuras, está o conceito de Satyagraha, que pode ser lido à letra como procura da verdade e, numa leitura demasiado ousada, como amor à sabedoria, isto é, como filosofia.
É a partir deste conceito que Glass compõe uma das obras essenciais do minimalismo. O carácter repetitivo, mas em contínua mutação, produz um efeito hipnótico que deixa o ouvinte absolutamente preso ao fluir da música. Há, na música de Glass, um perigoso jogo que nos aliena da temporalidade e nos concentra no puro fluir do som, como se esse fluir não fosse um fluxo temporal. Aqui ficamos perplexos: Satyagraha é uma anunciação da não-temporalidade e da anacronia, ou apenas a máscara ilusória e alienante do tempo que passa?
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