15/05/07

Cardílio - XX

Em Agosto descemos por atalhos.
Castanheiros na estrada debruçados,
Sombras de cinza e luz em tardias flores
Tingidas pelo aroma das colinas.

Na leveza dos dias que, amargos, correm,
Nas horas cintilantes em que a chuva
Sobre a terra desaba, sopram ventos
Em combustão, violetas arrancadas

À tranquila alegria do negro prado.
Era o tempo dos mortos, das vielas
Incendiadas, das hortas perseguidas

Pelo orvalho azulado da manhã.
Pela tua mão, o jardim de areia cresceu
Entre a melancolia da erva-canária.

1 comentário:

jlf disse...

Belo poema!
Como gosto dos seus sonetos!...

Insisto: gosto da poesia - em si
(exacto, pode "ler" das duas maneiras)