03/05/07

Carmona Rodrigues, uma não-realidade

Há na história da demissão/não-demissão de Carmona da Presidência da Câmara Lisboa um toque de uma comovente tristeza. Ele que é independente e não é político sente-se abandonado e traído pelos políticos. Esta narrativa agrada a muita gente. Parece haver apoiantes revoltados com o que os maus dos políticos fizeram ao bom do não-político. Mas se Carmona é um não-político o que está ele a fazer na Câmara de Lisboa? E o que fez quando esteve no governo? Foi não-política? Foi não-governação? Quando se entra na vida política não há independência. Entra-se num jogo que tem regras e compromissos. Quem não gostar não entra, ninguém é obrigado. Mas agora fazer o discurso de vítima da malvada máquina política, da qual se fez parte por vontade própria, é coisa que só nos pode comover e deixar tomados pela mais profunda tristeza com a maldade do mundo… Eu até acredito que o homem seja inocente, mas haja tino. Isto é uma não-realidade.

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