27/05/07

Aeroporto da Ota

O caso do aeroporto da Ota é significativo da atitude do país perante grandes e caras decisões. Quase 100% dos portugueses, onde me incluo, não faz a mínima ideia de qual deverá ser o local do novo aeroporto, se é que novo aeroporto deverá haver. O país diverte-se com as graçolas de Mário Lino, e quem é contra a Ota lança a suspeita de haver grandes interesses, nomeadamente do Oeste, na escolha do governo. Mas que interesses sustentarão os que são contra a Ota?

O cidadão compreende, talvez vagamente, que um grande jogo se esconde por detrás do burburinho e os que são contra não têm menos interesses do que aqueles que são a favor da Ota.

Ilude-se quem julgar que em qualquer decisão que seja tomada, incluindo a decisão de não construir um aeroporto, não haverá interesses poderosos por trás. Nestes casos, não há decisões bacteriologicamente puras, nem desinteressadas, nem centradas num suposto interesse nacional. Por muito que isso transtorne os nossos espíritos, há apenas o puro jogo das potências em presença. Eliminemos da solução a ideia da sua bondade e olhemo-la como a resultante de um jogo de forças. A vida pública é o que é, o burburinho do debate é apenas para disfarçar.

1 comentário:

jlf disse...

Ora aí está.
Se eu botasse faladura sobre o assunto, diria - com menos jeito, claro - o que aqui ficou dito.

Absolutamente. No momento actual, raros me deixam acreditar que se batam pelo interesse comum...
Os jogos do poder - hoje - são os jogos dos grandes interesses. Inconfessáveis, tantos deles.