Cardílio - XXIII
Dois mil anos. Seremos de amanhã
As ruínas, traídos pelo voo
Do corvo, pelas árvores cansadas
Do jardim. Não haverá na forte seiva
Um fragmento do olhar, a voraz célula
No cerne a morte tem anunciada.
Cardílio, de ti irmão sempre serei
Na planície de pó, nas águas rasas
Que, no Inverno, do rio para o mar correm.
Será a aurora negra em cada dia
E na espuma das horas ouviremos
O lamento dos pássaros de Apolo,
Belo na agonia próxima, ditoso
Pois seremos nós tão cedo a cantá-lo.
1 comentário:
Anoto: “Seremos de amanhã as ruínas, traídos (...) pelas árvores cansadas do jardim. Não haverá na forte seiva um fragmento do olhar”...
Enviar um comentário