Cardílio - XVIII
O olhar perdido nestas ruínas busca,
Em desespero animal, o que a vida
Deixou, no seu cansado e fugaz passar.
A efémera violeta, a rosa branca,
A erva rala, o verão já devorado.
No fulgor das colinas, na oliveira
Por musgo maculada, crescem pálidas
Anémonas, sombrias ervas de Outono.
Onde está a viva chama, o fatigado
Olhar logo descai, procura a doce
E suave pena, a dor tanto lhe dói.
Aqui riram infâncias, vozes últimas,
Que ruíram fulminadas pelos pássaros
De fogo no alumínio azul da cal.
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