Sobre pintura e desenho de Gustav Klimt - Quarenta e um
41 - Gustav Klimt – Danae, 1907-8 [Dánae]
Quarenta e um
Adormecera a bela princesa no cativeiro
que o rei, para do destino se proteger,
desenhara num lugar onde campos e mares,
pássaros da tarde ou animais da manhã,
jamais sentissem o seu cheiro de mulher
e o desejo daquele corpo fosse levado
a inquietar os homens e do ventre sulcado
pela paixão viesse o implacável assassino.
Descuidada na sua prisão, solitária na cela eterna,
deixa Dánae o seio desvelado e a coxa entreaberta.
Aquilo que os homens aos homens proíbem
oferece-se aos deuses e Zeus sentiu o coração
insaciado e nos olhos divinos não havia outros
que os da cativa que também a ele tem cativo.
Rumina o deus o destino a dar à sua paixão
enquanto sonha com o seio branco e o corpo nu
e as florestas onde ocultos haveriam de se dar,
ela a sua pele branda e mortal e ele o hálito vivo
de quem pela morte não será tomado.
Enquanto pensa e ronda a prisão vê o deus
a telha quebrada. Nuvem é agora Zeus
e batido pelo Sol deixa cair de si a chuva de ouro;
a branca e virginal princesa a acolherá
na lâmina aberta por onde virá o filho do deus
cumprir, na tranquilidade da tarde, o destino
que pertence àqueles que na terra dele fogem.
que o rei, para do destino se proteger,
desenhara num lugar onde campos e mares,
pássaros da tarde ou animais da manhã,
jamais sentissem o seu cheiro de mulher
e o desejo daquele corpo fosse levado
a inquietar os homens e do ventre sulcado
pela paixão viesse o implacável assassino.
Descuidada na sua prisão, solitária na cela eterna,
deixa Dánae o seio desvelado e a coxa entreaberta.
Aquilo que os homens aos homens proíbem
oferece-se aos deuses e Zeus sentiu o coração
insaciado e nos olhos divinos não havia outros
que os da cativa que também a ele tem cativo.
Rumina o deus o destino a dar à sua paixão
enquanto sonha com o seio branco e o corpo nu
e as florestas onde ocultos haveriam de se dar,
ela a sua pele branda e mortal e ele o hálito vivo
de quem pela morte não será tomado.
Enquanto pensa e ronda a prisão vê o deus
a telha quebrada. Nuvem é agora Zeus
e batido pelo Sol deixa cair de si a chuva de ouro;
a branca e virginal princesa a acolherá
na lâmina aberta por onde virá o filho do deus
cumprir, na tranquilidade da tarde, o destino
que pertence àqueles que na terra dele fogem.
Jorge Carreira Maia, Sobre pintura e desenho de Gustav Klimt, 2008
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