12/05/08

António Manuel Couto Viana - Novo Sentido

Nenhum olhar merece o fundo,
Se tudo é plana superfície:
Rastejai, olhos, na planície
Do meu mundo!

Ela é prisão e desespero.
Grades não toldam as retinas,
Mas tudo é baço e, embora cego,
Fácil e inútil se adivinha.

Ai, nada é longe ou vive perto!
— Meu mundo, soa como um sino;
Dá-me os ouvidos no deserto:
Ouvir é ver novo destino.

1 comentário:

Anónimo disse...

O ser que somos e o ser que parecemos...
O ser que conhecem e o ser que escondemos...
O ser que revelamos e o ser que protegemos...
A superfície lisa e sombria ou o profundo rugoso e multicolor...
Entre um mundo e o outro, um muro espesso e invisível feito de silêncio e ânsia de dizer.
Para lá do muro, alguém espera, de mão estendida, o mágico momento de, enfim, a fortaleza ruir.

Alice N.

P.S.: Sei que isto não é propriamente um comentário. É mais um devaneio. Perdoe-me o abuso.