Talvez aprendas nesse abandono
Edward Hopper - Desnudo Tumbado (1924-27)
Talvez aprendas nesse abandono
o secreto desígnio, a natureza o deu.
Ainda procuras sôfrega
e toda a seda que tocas rasga-se,
terra de saibro e cascalho,
o tronco rugoso da figueira,
ou um buraco a doer-te no corpo.
Quando encontraste,
não soubeste o que encontraste,
nem deste às horas o tempo de serem hora.
Tudo se toldou
e no nevoeiro que te coube
não houve desolação que a olhar te ensinasse.
Senta-te nessa cama de plástico
e deixa desfilar os pretendentes.
Enganas-te. Não os matarei.
Ninguém poderá matar o que morto nasceu.
Ficam-te para consolo:
hão-de tocar-te o corpo com mãos frias
e um esgar de pus no sexo.
o secreto desígnio, a natureza o deu.
Ainda procuras sôfrega
e toda a seda que tocas rasga-se,
terra de saibro e cascalho,
o tronco rugoso da figueira,
ou um buraco a doer-te no corpo.
Quando encontraste,
não soubeste o que encontraste,
nem deste às horas o tempo de serem hora.
Tudo se toldou
e no nevoeiro que te coube
não houve desolação que a olhar te ensinasse.
Senta-te nessa cama de plástico
e deixa desfilar os pretendentes.
Enganas-te. Não os matarei.
Ninguém poderá matar o que morto nasceu.
Ficam-te para consolo:
hão-de tocar-te o corpo com mãos frias
e um esgar de pus no sexo.
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