17/02/09

Mau humor climático


Há em certos sectores da sociedade, com reflexo em áreas significativas da blogosfera, um desprezo claro pela temática do aquecimento global do planeta. A tese centra-se na ideia de que o aquecimento não é o produto da nossa acção, nomeadamente da emissão de gases que provocam o efeito de estufa. É um facto que certas profecias apocalípticas não se realizaram, ou ainda não se realizaram (as profecias têm essa vantagem, nunca dizem quando se realizam e o futuro está sempre em aberto). Mas notícias como esta aqui, que diz que "um bloco de gelo com cerca de 14 mil metros quadrados desprendeu-se da plataforma de Wilkins, na Antárctida", estão longe de serem tranquilizadoras. De facto, assistimos a uma luta ideológica que tende a distorcer os factos. Isto, tanto da parte dos catastrofistas, digamos assim, como da dos negacionistas. Sejam as alterações climáticas apenas produto da nossa acção, sejam produto da evolução espontânea e autónoma do clima do planeta, sejam da junção dos dois factores, a verdade é que, a cada dia que passa, o problema parece ser mais claro. Não sei se as medidas paliativas que se estão a tomar servirão para alguma coisa. Seja como for, o tipo de vida que tem sido o nosso parece já, tendo em conta o mau humor climático, não ser possível por muitos anos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estes assuntos são abordados cientificamente há muitos anos e divulgados publicamente há mais de 25 anos.
Ainda há quem não queira ver?

Chamo a atenção para o Relatório Brundtland, da ONU de 1987, onde se abordam muitos destes assuntos e até o grave e pouco conhecido problema do lixo espacial (há dias referido pelo jornal Público, a propósito da colisão de um satélite russo e outro americano).

http://en.wikipedia.org/wiki/Brundtland_Commission

http://www.un-documents.net/wced-ocf.htm

Vale a pena também conhecer os trabalhos pioneiros de Donella Meadows, Jorgen Randers e Dennis L. Meadows, em especial «Os limites do crescimento», escrito em princípios dos anos setenta do século passado.

http://en.wikipedia.org/wiki/Donella_Meadows

Outra obra pioneira e incontornável «Gaia» de James Lovelock, escrita na década de 1960.

http://en.wikipedia.org/wiki/James_Lovelock

Visionários, loucos ou inimigos do desenvolvimento?

maria correia disse...

Visionários. Que nos avisam. E, em cinema, há um sem número de material feito e apresentado, sem falar já no famigerado filme documentário de Al Gore ( e livro) Uma Verdade Inconveniente...

Anónimo disse...

Já agora uma correcção.

Como noticia bem o Público (no link do post), o bloco de gelo tem 14.000 Km2 (catorze mil quilómetros quadrados) e não como refere o post 14.000 m2 (catorze mil metros quadrados).

Há uma pequena diferença de tamanho de um estádio de futebol, para duas vezes o território do país basco (ou todo o território português a norte do rio Douro).

http://dicasimperdiveis.files.wordpress.com/2007/06/espanha.gif

(Qualquer agricultor que se preze tem uma noção mínima das áreas e das distâncias no terreno e sabe quantos metros quadrados são um hectare. Este lapso revela, ironica e involuntariamente a nossa lenta, mas inexorável desruralização).