Gosto das árvores desta paisagem
Gosto das árvores desta paisagem
e da gente que habita a floresta,
como se habitasse o silêncio da água
ou a nuvem que do mar foge.
Era assim que falávamos naqueles dias
onde as fronteiras eram traços imprecisos,
apenas riscos de sombra,
ali mesmo, no sítio a que chamavas
o meu império intermitente.
Sentado de pernas caídas para o mar,
escutava as tuas palavras truncadas
e deixava que o cheiro a naftalina saísse
da escuridão dos armários para se afogar
no rumor das águas batidas pela voz
de um deus esquivo e cansado.
É tudo tão fotográfico, disseste: o bando de gaivotas,
as ondas eriçadas, as árvores vindas da floresta,
a tua presença na rasura dos meus dedos.
Se soubesse nadar, deixava-me cair no oceano
para esperar a noite, haveria de vir, e nela cantar
o último poema que há no baldio do teu coração.
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