14/05/09

Por que é a esquerda, em matéria de educação, tão estúpida?



Pergunto-me, muitas vezes, por que terá a esquerda de ser tão estúpida. Eu já tinha lido sobre o assunto no Ponteiros Parados, agora vejo as reacções à imposição, por parte de uma escola, de um código de vestuário, no Diário de Notícias. Que os alunos protestem, é coisa compreensível. Faz bem à saúde, e torna-os mais activos e despertos para o mundo, desde que obedeçam. Que a deputada do Bloco de Esquerda, Ana Drago (que até fez um bom trabalho sobre os professores e o conflito na educação) venha dizer que a imposição de um dress code (será que me estou a tornar um João Carlos Espada?) é um "inusitado atentado à liberdade individual, cujo cariz autoritário merece o mais profundo repúdio" é a prova da incompreensão profunda do que é a liberdade, do que é a escola e do que é a sociedade.

De facto, é preciso que as escolas definam não só normas de comportamento, mas que não tenham pejo em definir um código de vestuário. Ninguém questiona que os jogadores de futebol tenham um código de vestuário em campo. Não basta ir com a camisola da mesma cor. Vão todos vestidos segundo um código estrito. Mesmo fora do campo, por exemplo nas deslocações das equipas, os jogadores de futebol dos grandes clubes seguem um rigoroso código de vestuário. O mesmo se passa em muitos locais de trabalho e em muitas instituições. Por que razão não poderá a escola pública (a privada fá-lo há muito) regular a forma como alunos, professores e funcionários se apresentam? A escola não impede ninguém de se vestir como quiser no espaço público, mas a escola não é um espaço público completamente aberto. É (ou deveria ser) um espaço onde se formam cidadãos através da transmissão de conhecimentos e de regras de comportamento adequadas à aquisição desses conhecimentos. Regras essas que são essenciais para o futuro comportamento em sociedade. Algum tipo de vestuário que os alunos levam para dentro da escola é mesmo uma forma de contestar o papel da escola e o papel do saber. A escola não pode tolerar isso, e tem-no tolerado demais em Portugal, graças ao tipo de ideias que a dr.ª Drago defende e que pululam na cabeça de muita gente de esquerda.

Mas uma escola mais regulada não é inimiga dos alunos das estratos sociais mais desfavorecidos. Pelo contrário, a regulação que a escola exerce, ou deveria exercer, fornece um conjunto de ferramentas comportamentais que ajudam esses alunos a terem êxito, ferramentas essas que muitas vezes a família não pode ou não é capaz de dar. A liberdade da dr.ª Drago é a "liberdade" aparente das classes médias. A criança pode apresentar-se como lhe apetecer, até como sinal de distinção dos outros, pois em casa tem alguém que lhe fornece, quando chegar a hora, as regras e os códigos necessários para se comportar de forma a alcançar sucesso.

Esta retórica pseudo-liberal de esquerda tem sido, também ela, responsável pela decadência do ensino em Portugal. Tem sido responsável pela manutenção de centenas de milhares de cidadãos na situação de indigência e de pobreza em que estão ou em que construíram a sua vida, sem que a escola, devido à anomia reinante, lhes tenha dado o essencial para saírem da situação onde se encontravam à partida. Sim, estas tontices de pseudo-esquerda têm contribuído para o mal e a pobreza de muita gente. A "liberdade" da dr.ª Drago é inimiga dos alunos mais desfavorecidos, daqueles que precisam de regras, mesmo no vestuário, para poderem sair da situação onde se encontram. Não basta, mas ajuda.

4 comentários:

maria correia disse...

Ana Drago e o Bloco de Esquerda têm feito um belíssimo trabalho, não só no que diz respeito aos professores. Não conheço bem o contexto, mas poderá ter sido um lapso do Bloco...antigamente havia as batas...nos colégios, usam-se batas até à quarta classe, pelo menos. A tradição do traje académico data de mais de quatrocentos anos, em que era obrigatório todos os alunos usarem traje para que não houvesse distinção entre nobres e plebeus. Eram todos iguais, na universidade, nesses tempos. Sim, ia-se para as aulas de traje, não é como agora, em que o traje, caríssimo, aliás e ao qual nem todos os alunos podem ter acesso por causa do preço, serve apenas para as cerimónias estudantis. Aprovo o regresso à bata, por que não? De qualquer modo, e embora não concorde que a esquerda tenha grande culpa no que se passa actualmente no ensino--onde é que a esquerda tem tido poder para tal?--penso que um códigozinho na vestimenta, tanto nos alunos como nos professores, só faria bem...

José Ricardo Costa disse...

Se eu fosse agora para um colégio no qual me impusessem o uso da gravata, aceitaria com a maior das naturalidades. E é coisa que usei três ou quatro vezes, na vida.

By the way, não se arranja por aí um colegiozito?

JR

Anónimo disse...

Ousadia a minha entrar na conversa mas não resisto.
POIS A ESQUERDA NÂO MANDA NA EDUCAÇÂO?
Reparai na manipulação maxista de qualquer manual escolar, o ângulo para qualquer assunto é sempre o ponto mais à esquerda.
E a relevância dentro de qualquer escola pública das gentes sindicalizadas?
E a ideia de serem todos iguais, apenas uns terão futuro e outros passado e alguns nada disso.
Os belos trabalhos da esquerda. A bata não limita as amplas liberdades? Pois eu acho que todos deveriam fazer na escola o que lhes aprouvesse até mesmo evitá-la como profilaxia para males futuros!!!

Anónimo disse...

Ousadia a minha entrar na conversa mas não resisto.
POIS A ESQUERDA NÂO MANDA NA EDUCAÇÂO?
Reparai na manipulação maxista de qualquer manual escolar, o ângulo para qualquer assunto é sempre o ponto mais à esquerda.
E a relevância dentro de qualquer escola pública das gentes sindicalizadas?
E a ideia de serem todos iguais, apenas uns terão futuro e outros passado e alguns nada disso.
Os belos trabalhos da esquerda. A bata não limita as amplas liberdades? Pois eu acho que todos deveriam fazer na escola o que lhes aprouvesse até mesmo evitá-la como profilaxia para males futuros!!!