11/05/09

Metamorfoses VI

Emilio Tadini – Città italiana (1988)

não falo de cidades italianas
nem das planícies ou dos vales
deixo a mão entregue à ascese
e no rigor assim construído
desenho paisagens de servidão
de onde expulsei toda a alegria

sou da noite o demiurgo
e sonho com casas de esquinas afiadas
onde as sombras se escondem
quando no fumo do passado
se ouve o meio-dia na torre da igreja

rasguei todas as fotografias
apenas subsistem os gritos
que o futuro há-de trazer
e nas mãos vazias
com que cumulo os homens
há restos de enxofre
e a faca de lâmina romba
onde a vida se reconcilia
pela manhã que não chegará

1 comentário:

maria correia disse...

Muito bons, os poemas que têm surgido ultimamente...muito bons mesmo.