Metamorfoses II
bate grossa a chuva no metal
e o ranger do acrílico
faz sob o império do vento
uma sinfonia de cristal
gloriosa vida citadina
de pássaros estrangulados pela calçada
deixem-me ir nesses autocarros
a ouvir o estrondear dos motores
entre os gritos dos passageiros
que caem mortos de terror
respiro molhado pela chuva
um ar quente de combustão
e vejo raparigas inquietas
antecipando já o seu ser
de mulheres tristes em roupão
espero que venha a tempestade
e limpe rua a rua a cidade
fumo um cigarro
e caminho sob a chuva grossa
como se não tivesse pele
ou me fosse interdita a vaidade
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