28/05/09

Afinal também perdeu a opinião pública

Em 2006, a ministra da Educação atribuiu o elevado insucesso escolar e a pouca qualificação dos alunos ao trabalho dos professores e ao funcionamento das escolas. Foi o ponto alto da escalada do ME contra os seus próprios professores. Pouco tempo depois, Maria de Lurdes Rodrigues, sem qualquer resquício de vergonha ou sinal de arrependimento, proclama que "admito que perdi os professores mas ganhei a opinião pública". Só esta afirmação seria suficiente, numa democracia minimamente exigente, para demitir a senhora. O curioso, porém, é que além de perder radicalmente os professores, a senhora enganou-se sobre a opinião pública. Segundo uma sondagem da Visão desta semana, os principais responsáveis pelo que vai mal na educação são os governantes e o Ministério da Educação, logo seguidos pelos alunos que, segundo a opinião pública, não querem estudar. Os professores, segundo a mesma sondagem, são os menos responsáveis pelo caos em que a educação caiu em Portugal.

Por muito estranho que possa parecer ao iluminismo niilista do Ministério da Educação, há uma profunda sintonia entre a experiência dos professores e a voz do povo. Os principais responsáveis pelo desastre educativo são os governantes, com as suas ideias delirantes, os seus preconceitos pseudo-científicos, o seu desconhecimento da realidade escolar, da realidade portuguesa e da humanidade em geral. A escola portuguesa é o fruto de abstracções produzidas por gente abstracta que vive nas nuvens. Eu até posso admitir que esta gente faz o que faz com boa-fé. Mas se quisessem agir de má-fé, visando destruir o sistema e prejudicar os alunos, não agiriam de outra maneira. A opinião pública, apesar das campanha de intoxicação do aparelho socialista, percebe bem o que se está a passar.

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