Metamorfoses XXI
há em mim uma recordação de lepra nas cidades
as pústulas que cobrem o asfalto e saltam para casa
o barulho da sineta que me bate no peito
e anuncia ao mundo o perigo de contágio
nesses dias eu somava sobre o mapa impérios
e desenhava a estratégia dos exércitos
em grandes folhas brancas onde poisavam moscas –
logo morriam sob o ímpeto desta mão
não havia êxtases nem relâmpagos pelos céus
apenas o desconsolo da vida que corre
a doença que toma conta de cada casa
e escava os alicerces até que tudo na noite grite
assim crescia a lepra nos ombros da cidade
onde me sentava pelo chão à tua espera
ignorando de onde vinhas pois a rosa-dos-ventos
secara quando a noite morreu na madrugada
Sem comentários:
Enviar um comentário