20/05/09

Metamorfoses XIV

Rita Rutkowski - Interior-exterior (1982)

foi assim que encerrei o ciclo das cores
deitado no chão e comendo a poeira
ou bebendo a água estagnada nas ruas

inventei um universo de vidro
e em todas as chagas fiz jorrar o álcool
para poder gritar enquanto olhava
a cidade carbonizada pelo esquecimento

nada sei do plástico destas cadeiras
nem da estrutura atómica da melancolia
caminho de mão estendida
mas o olhar nunca foca um horizonte

acumulei tanta sabedoria
para agora vir proclamar o esquecimento
entre pequenos incêndios que alastram
e uma precária paixão tardia

1 comentário:

Alice N. disse...

Imagens poderosíssimas... e, com elas, uma torrente de emoções. Este poema é divino!