Metamorfoses VIII
assim te dei o paraíso – esta terra de sal
onde as sombras são pequenas mãos gravadas
na estrutura flexível do porão – viajantes
para que terra vos leva a pressa
para um enorme armazém
onde almas empilhadas se contam
entre destroços de navios e restos de chapa incendiada
não vos vim falar de horizontes
nem tenho no coração a piedade que me ensinaram
comprei na vastidão do deserto uma espada
e suspendo-a por cima da cabeça
ali fica fazendo sombra sobre o terror
que agora vos enche de compaixão
cuspirei na mão que me estendem
e farei um mapa dos naufrágios
os barcos partiram para lugar incerto
mas os deuses sabiam o destino perpétuo
e acenderam um farol de tristeza
na rota escura onde a morte te espera
Sem comentários:
Enviar um comentário