09/04/07

Universidade Independente - um exemplo

O ministro Mariano Gago recomendou o encerramento compulsivo da Universidade Independente. Mas o importante é pensar o que está aquém deste caso notoriamente desagradável. Que conceito de universidade está por detrás deste tipo de instituições?

Independentemente do debate que virá, parece que há uma coisa que sai claramente derrotada: a ideia de que a educação (preferiria ensino) é um negócio. A peregrina ideia, que circula em certos sectores, de que se deve olhar o aluno como cliente, a quem as instituições de ensino vendem um produto, deveria ser completamente erradicada.

A lógica das escolas e das universidades não é a mesma do mundo empresarial. Os bens fornecidos e a forma como se adquirem são completamente diferentes. Se eu quero comprar um carro, basta-me ter dinheiro. O saber, porém, não é adquirido com dinheiro. Exige esforço, trabalho, disciplina. Exige que o aluno se entregue e implica uma transformação pessoal. No ensino, nem os professores são vendedores ao serviço de uma empresa, nem os alunos são compradores. No ensino, apenas há o esforço de ensinar e o esforço de aprender. Qualquer consideração de carácter comercial deverá ser erradicada.

Hoje, no Público, o Prof. Santana Castilho alerta para a “ânsia de aumentar o protagonismo da iniciativa privada e do mercado na definição das políticas educativas». O Estado, nomeadamente os dois grandes partidos de governo, andam a brincar com coisas muito sérias. O carácter eminentemente político do bem que a educação fornece deveria levar a ter muito cuidado com as aventuras “privatizadoras” do ensino, em qualquer nível. Os vários casos no ensino superior privado são alertas. Imagine-se o que será privatizar os ensinos básico e secundário. Imagine-se a imensa criatividade dos nossos empresários. Imagine-se a catástrofe.

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