Música em tempo de Páscoa II
Um obra de uma compositora, a russa Sofia Gubaidulina, "Johannes-Passio" (Paixão segundo S. João).
Esta obra foi escrita em língua russa. A primeira estranheza, na audição desta “Paixão”, é o corte radical que o russo estabelece com o hábito de escutar as “Paixões” em latim.
No “booklet” a autora diz o seguinte: “Estive muito consciente, desde o princípio, da especial dificuldade em compor uma “Paixão” em russo. A tradição da Igreja ortodoxa russa não admite a inclusão de instrumentos, nem no serviço divino nem em outros ofícios religiosos. Não há mediadores externos de carácter técnico entre os homens e Deus: tudo se reduz à voz e a uma vela na mão. Mas a maior difuldade, neste caso , é o facto da liturgia russa desconhecer a tradição da “Paixão”. Para a alma russa, a “arte da representação” foi sempre secundária relativamente à “arte da vivência”. Por isso, a liturgia elimina qualquer intenção de representação por pessoas, qualquer elemento teatral na Igreja."
Só a audição permite vislumbrar como a compositora resolveu o casamento entre duas tradições, ou melhor três, a católica, a protestante – fortíssima em “Paixões – e a ortodoxa.
O duplo CD é da Hanssler. Valery Gergiev dirige a St. Petersburger Kammerchor e o Chor und Orchester des Mariinsky-Theaters St. Petersburg.
Esta obra foi escrita em língua russa. A primeira estranheza, na audição desta “Paixão”, é o corte radical que o russo estabelece com o hábito de escutar as “Paixões” em latim.
No “booklet” a autora diz o seguinte: “Estive muito consciente, desde o princípio, da especial dificuldade em compor uma “Paixão” em russo. A tradição da Igreja ortodoxa russa não admite a inclusão de instrumentos, nem no serviço divino nem em outros ofícios religiosos. Não há mediadores externos de carácter técnico entre os homens e Deus: tudo se reduz à voz e a uma vela na mão. Mas a maior difuldade, neste caso , é o facto da liturgia russa desconhecer a tradição da “Paixão”. Para a alma russa, a “arte da representação” foi sempre secundária relativamente à “arte da vivência”. Por isso, a liturgia elimina qualquer intenção de representação por pessoas, qualquer elemento teatral na Igreja."
Só a audição permite vislumbrar como a compositora resolveu o casamento entre duas tradições, ou melhor três, a católica, a protestante – fortíssima em “Paixões – e a ortodoxa.
O duplo CD é da Hanssler. Valery Gergiev dirige a St. Petersburger Kammerchor e o Chor und Orchester des Mariinsky-Theaters St. Petersburg.
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