A "coisa" vem de longe

Em primeiro lugar, há que referir que os estudantes de Coimbra, naqueles dias, eram de emoções fortes e prolongadas. Ainda não se teriam, no final do ano lectivo, recuperado da forte emoção que tomara conta deles com o nascimento do herdeiro do trono. Como poderiam eles fazer exames, depois de tantos e tantos meses da mais profunda alegria…
Em segundo lugar, se o governo recusou a dispensa aos exames é porque alguém a reivindicou. Seria um hábito nacional? Ou seria já uma propedêutica às novas teorias educacionais que o século XX viria a consagrar na destruição dos sistemas de ensino? Não sou historiador, não sei…
Esta recusa do governo gerou uma revolta estudantil em Coimbra, onde, parece, tiveram papel preponderante Antero de Quental e Eça de Queiroz. A revolta ficou conhecida como a “rolinada”, por os estudantes terem queimado um boneco de palha alusivo ao chefe do governo, o Duque de Loulé, Nuno Rolim de Moura Barreto. Não é de agora que se queimam efígies de políticos.
Como é óbvio, a «rolinada» não tinha qualquer razão de ser, mas uma coisa útil parece ter trazido: aproximou Antero Quental e Eça de Queiroz.
Conclusão da história. O Duque de Loulé não parecia muito disposto a facilitar a vida estudantil e abolir os exames, mesmo passageiramente. Mas o ideal dos estudantes de Coimbra acabou, de certa forma, por vencer. Os resultados são os que todos conhecemos.
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