Cardílio - VII
Já não resta do amor senão fragmentos
Dilacerados, rosas secas, murchas,
Espinhos acerados no silêncio
Da primavera lábil e apagada.
O inquieto chão que outrora tu pisaste
Não passa de um murmúrio, seca página
Da mão logo apartada. Ouve, Cardílio,
A lâmpada apagou-se, a noite veio...
Tremem-te as mãos, amarga o coração,
Já nada em ti respira, nem a voz,
Nem a língua suspira. Anjo não és,
Nem ladrão, nem um deus na madrugada.
- Sombra, vermelha sombra, quem és tu?
- Um nome, sem destino nem morada.
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