26/04/07

Cardílio - V

Tão sentado estás na erva verde
Incendiada, fremente como o pólen
De onde destila o tempo. Pelas vinhas
Sopra o estio já cansado, cru e voraz.

Dos caminhos de sílica, dos fogos
De Outono, do calcário do teu ombro,
Nada resta. Enumeras as palavras,
Mas os dias apagaram-se p’ra ti.

Sombra na superfície das paredes,
Pelo chão derramadas, sombra negra
Tuas mãos o pão deixaram de alumiar.

No fulgor do horizonte, no caminho
Fumegante da vida, és pura treva,
Ocaso doloroso, um fogo-fátuo…

1 comentário:

jlf disse...

Gostei!
Deveras.

Queremos mais poemas em si